terça-feira, 31 de março de 2009

A fantástica história dos Vaporwares – e por que abordar o assunto hoje

Olá!
Hoje falarei sobre Vaporwares, e no final do texto ficará claro do porque estou falando nisso hoje. Porém, antes de qualquer coisa, é preciso entender o que é um Vaporware.

O que é um Vaporware?

O termo “vaporware” surgiu nas revistas de informática no final dos anos 70, como uma paródia pois na época havia a tendência de adicionar o sufixo “ware” em qualquer substantivo que descrevesse melhor a aplicação dos seus produtos. O “vapor” serviria para designar que era algo que, na verdade, não existia. Ou seja, vaporware era um produto que foi anunciado por seu desenvolvedor, tendo uma data de lançamento, que eventualmente era postergada uma, duas, três vezes até que por fim fosse descontinuado e nunca lançado. Isso acontecia porque o desenvolvedor nunca ficava satisfeito com o produto, ou, mais freqüente, porque o anunciou à mídia em estágios muito recentes do desenvolvimento, quando ainda não era garantido que o projeto funcionasse de acordo ou que houvesse dinheiro para finalizá-lo.

A revista Wired divulga, desde 1997, sua lista dos 10 maiores vaporwares da indústria, incluindo não apenas videogames mas tudo o que for relacionado à tecnologia.

Vaporwares famosos

Existiram muitos exemplos na indústria de videogames que se tornaram vaporware. Os mais famosos são:

L600 – O L600 foi anunciado pela empresa Indrema como um console de videogame com base no sistema operacional Linux. Além de ser um console de videogame, ele também funcionaria como tocador de CDs e DVDs, navegador de internet e gravador de TV, nos moldes do TiVo. À época anunciou-se que o preço do console seria de 299 dólares, e 30 jogos estariam disponíveis à época do lançamento. Infelizmente o lançamento do console seria na época em que PS2, Xbox e Gamecube estavam no auge, o que prejudicou a Indrema, que acabou falindo em abril de 2001.



Starcraft: Ghost – A Blizzard, após fazer muito sucesso com a série Warcraft e com o jogo Starcraft, resolveu lançar uma nova versão deste, sob o título Starcraft: Ghost. O título foi anunciado em 2002, e foram também divulgadas imagens oficiais do jogo durante seu desenvolvimento, mas o anúncio de seu lançamento oficial nunca ocorreu. Em março de 2006 a Blizzard anunciou que o lançamento do jogo havia sido “prorrogado indefinidamente”. Recentemente um dos diretores da Blizzard anunciou que pretendia finalizar o game “algum dia”.






Phantom – Criado pela empresa Infinium Labs, o Phantom prometia ter uma extensa biblioteca de jogos já no lançamento – afinal, seria compatível com TODOS os jogos já lançados para PCs. Porém a maior controvérsia que houve na época de seu anúncio foi que ele não seria baseado em jogos em cartuchos ou discos, e sim apenas conteúdo baixado da internet. O anúncio do lançamento foi feito em 2002, e o lançamento foi sendo constantemente prorrogado até que em 2006 o projeto Phantom foi definitivamente cancelado pela Infinium Labs. Ficou em primeiro na lista dos dez maiores vaporwares da revista Wired em 2004.





Apesar de ter falhado, o projeto Phantom ainda contou com uma boa estrutura, tanto é que vários acessórios foram projetados, como o Phantom Lapboard, que era uma mistura de teclado wireless e mouse que poderia ser colocado no colo do usuário e utilizado diretamente, sem a necessidade de apoio em uma mesa ou algo similar. No final das contas, a infinium Labs acabou lançando o Phantom Lapboard para venda em 23 de junho de 2008, pois ele pode ser usado com um PC normal.


Duke Nukem Forever – Sem dúvida alguma o maior vaporware da indústria de videogames. Após o lançamento do primeiro e segundo jogos da série para PC, foi anunciado o desenvolvimento de Duke Nukem Forever, iniciado em abril de 1997. O título chegou a ter trailers divulgados em grandes feiras, inclusive nas E3 de 1998 e 2001! Em 2003 os produtores anunciaram que tudo o que havia sido desenvolvido já estava ultrapassado e que recomeçariam o projeto do jogo desde o início novamente. No final de 2007 a 3D Realms anunciou que o jogo ainda está em desenvolvimento, mas que ainda não existe uma data oficial de lançamento. A foto ao lado foi divulgada em 1999.
Por tudo isso Duke Nukem Forever ficou mais conhecido como ForNever, (Is Taking) Forever, Forever Delayed, entre outros apelidos, e figurou na lista da Wired por muitos anos: ficou em segundo lugar na lista em 2000, e em primeiro em 2001 e 2002. Em 2003 foi concedido a ele um prêmio especial, como “Forever Vaporware”. Em 2004 ele não figurou na lista, e a Wired se justificou dizendo que, por ter ganho o prêmio para sempre, ele não poderia ser incluso na lista. Porém, devido às reclamações dos leitores da revista, Duke Nukem Forever voltou a figurá-la, estando no topo nas listas de 2005, 2006 e 2007. A figura ao lado foi divulgada em 2007, com a engine do jogo totalmente reformulada.

SNES CD ROM – Pode ser considerado o Vaporware mais bem sucedido da história, apesar de não ser efetivamente lançado. Explico: desde 1986 a Nintendo pensava em inserir em seus consoles a leitura de discos, e começou a entrar em contato com empresas que desenvolvessem este leitor. Falou com a Sony e com a Philips, e acabou optando pela Sony, assinando um contrato de parceria. Em 1988, ao reler o contrato, a Nintendo percebeu que havia feito um mal negócio, pois o contrato previa controle completo da Sony sobre todos os títulos lançados em discos. Assim, a Nintendo resolveu romper o contrato e se aliar à Philips no desenvolvimento. Furiosa com a situação, a Sony resolveu então utilizar seu projeto já em desenvolvimento para lançar seu próprio console....e assim nasceu o Sony Playstation!

E porque isso tudo agora?

Bem, venho à tona com esse assunto porque na última feira GDC, uma das maiores do mundo em games, foi anunciado o sistema OnLive. O OnLive é praticamente uma caixa vazia, com um plug para conexão à internet e saídas para joysticks e acessórios, porém promete rodar jogos no nível dos mais avançados que existem hoje. A premissa dele é que os jogos não rodariam no console, e sim em gigantescos servidores que enviariam e receberiam os dados à distância. Como é possível ver acima, a idéia não é exatamente nova, mas será genial se conseguir funcionar e não ficar apenas como o Phantom: na promessa.

A idéia mais genial é que com isso o videogame não ficaria obsoleto! Não seria necessário ter uma atualização a cada 5 anos, como Xbox e Playstations da vida – afinal, quem fará o processamento dos games serão os servidores – eles, sim, precisarão ser sempre atualizados. O maior senão em relação a isso é a banda mínima exigida para o bom funcionamento do console: 5 Mbps, o que já é algo proibitivo para americanos, que dirá nós, brasileiros. Abaixo um vídeo de divulgação do fabulosos sistema Onlive:

http://www.youtube.com/watch?v=tkVrDIHteFw&NR=1

O preço dele ainda não foi divulgado e, apesar de várias empresas dizerem já estar desenvolvendo jogos para ele, tudo isso está me cheirando a um grande e belo vaporware....

Vaporwares bem sucedidos

Mas nem todos foram um fracasso. Apesar de tudo isso, alguns vaporwares acabaram sendo realmente lançados, apesar de terem seu lançamento postergado algumas vezes, e fizeram sucesso. Alguns exemplos de vaporwares vitoriosos foram os jogos Diablo II, Warcraft III, Prey e The Legend of Zelda Twilight Princess.

See ya!

Jack

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