- Cometer a cagada do século e ter gasto 2 horas da sua vida desejando ter a força suficiente pra arrancar a própria cabeça e jogar na tela (aconteceu comigo, quando assisti à Sexo, Amor e Traição, em meados de 2004); ou
- Assistir algo de qualidade e sem pretensões.
Steve Carell (de O Virgem de 40 Anos e O Agente 86) é Dan Burns, pai viúvo de três meninas, que tem uma coluna no jornal, chamada Dan in Real Life (título original do filme), onde dá conselhos amorosos para os leitores.

O filme é dirigido pelo novato Peter Hedges, que tem no currículo o roteiro de Um Grande Garoto (About a Boy, 2002) , com Hugh Grant, e funciona bem, mesmo partindo de uma premissa batida e que remete à todos os clichês das comédias românticas, o único porém do filme é que ele NÃO é uma comédia romântica, muito menos um romance meloso, ele é um filme sobre relacionamentos.
Não, este gênero não existe, mas é a melhor definição do filme, que eu coloco na mesma categoria (que eu inventei agora, confesso) do Um Beijo a Mais (The Last Kiss, 2006), que também não consigo definir como Comédia Romântica (longe disso), Romance (loooooonge) e muito menos Drama (nem passa perto).

O filme tem uma trilha sonora excelente, composta quase que totalmente por músicas de um compositor norueguês chamado Sondre Lerche, e que vira uma assinatura do filme (especialmente por se tratar de composições originais).
Talvez o filme tenha passado desapercebido pelo grande público aqui de Terra Brasilis porque foi vendido como uma comédia romântica mesmo, prova disso é o título em português, que remete à um conflito entre dois irmãos por uma mulher. Não que este não seja o plot principal do roteiro, porque é, mas o foco ultrapassa esta primeira camada de obviedade e acaba ficando nas mudanças de comportamento e no redescobrimento da felicidade de Dan, cuja vida ficou marcada pela perda da esposa e pela responsabilidade de cuidar de três jovens garotas, com personalidades e idades diferentes.
Compare os pôsteres americanos e o brasileiro:

Note a sutileza do uso das imagens nos pôsteres acima. NADA é mencionado sobre Mitch, o foco é sempre em Dan e Marie, nem as taglines ("ALGO ESTÁ ACONTECENDO COM DAN. É CONFUSO. É EMBARAÇOSO. É AMOR" e "PLANEJE PARA SE SURPREENDER") indicam um namoro nem nada de disputas entre os irmãos.

Este, que é o pôster utilizado na divulgação principal do filme, mostra o estado de inércia em que Dan leva sua vida, também tem tuuuuuuudo a ver com briga de irmãos, não é? Ah, detalhe para a mudança sutil na tagline: ALGO ESTÁ ACONTECENDO COM DAN. É CONFUSO. É EMBARAÇOSO. É FAMÍLIA"

E aqui, finalmente, o pôster nacional, com a brilhante tagline "O QUERIDINHO DA FAMÍLIA ACABA DE SE APAIXONAR... PELA NAMORADA DO IRMÃO!" e as imagens de Dan, Marie e Mitch.
Entendam, não estou dizendo que é errado fazer publicidade de filmes desta maneira, mesmo porque o objetivo é trazer o público aos cinemas, mas coisas assim queimam o lançamento do filme em DVD, que chega ao mercado sem força ou apelo algum.
Escrevendo este post, lembro do lançamento de Corpo Fechado (Unbreakable, 2000), o segundo filme do Apu, quer dizer, do M. Night Shyamalan, depois do sucesso FODA de Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999). Aqui no Brasil o público lotou os cinemas pra ver a história do garotinho que via gente morta (Ooooops, foi spoiler?), e quando chegou a hora de lançar o filme de super-heróis mais "real" que já foi feito, qual foi a tagline que utilizada nos pôsteres nacionais? Um doce pra quem chutar que foi algo relacionado ao sobrenatural para atrair o público que gostou de O Sexto Sentido.

Bingo! "VOCÊ ACREDITA NO PODER SUPERIOR?"
Resultado, fracasso retumbante, tanto no cinema quanto em DVD.
Ah, só mais um comentário, a própria tradução do título remete à um termo espírita, que não tem ABSOLUTAMENTE nada a ver com o original em inglês, que mostra exatamente o que é o personagem de Bruce Willis, INQUEBRÁVEL.
Voltando ao assunto original, assistam à Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada, depois me digam se quando os créditos começaram a subir você não estava com um baita sorriso no rosto.
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