quarta-feira, 27 de maio de 2009

Tudo poderia ter sido diferente....

Fala pessoal!

Sim, sei que estou bem sumido, aqui no trabalho está bem complicado, com duas auditorias que já ocorreram e uma terceira semana que vem, após o que estarei mais tranquilo e prometo postar com mais frequência....até porque agora que meu amigo Sam indicou o "A resposta é 42" no blog dele, prevejo que o número de visitas pode aumentar por aqui....rs....

Esse é um texto que eu já havia preparado no passado para postá-lo quando não tivesse MUITO tempo para escrever, ou seja, esse momento é ideal! Rs... Assim sendo, hoje falarei um pouco sobre um evento que quase acabou com a indústria de videogames, e que muita gente desconhece: o crash de 1983 (chamados por alguns de Crash de 1984 pois seus efeitos começaram na verdade no ano seguinte).

A febre


No final dos anos 70 e começo dos anos 80 os videogames eram uma febre. O Atari 2600 era o produto mais cobiçado entre os jovens americanos, e jogos como Pac Man, Space Invaders e River Raid viraram febre entre os donos do console. Com o sucesso, várias empresas começaram a olhar para esse mercado. Algumas companhias criaram inclusive “clones” do 2600 e outras empresas conseguiram direitos junto à Atari para desenvolver jogos para o console. Além disso, vários novos consoles foram lançados, e cada um deles com sua própria biblioteca de jogos, tais como o Vectrex (ao lado), Bally Astrocade, ColecoVision, Intellivision, Odissey2, entre outros.

Eu particularmente como sou "velho", como o Garrido costuma frisar sempre que pode, diferentemente de outros, NÃO tive o Atari como meu primeiro videogame. Meu primeiro console foi o Odissey2, lançado no Brasil pela Philips simplesmente como "Odissey". Posso dizer que esse aparelho me fez gostar mesmo de jogos eletrônicos, e ouso dizer (e certamente serei xingado por isso....) que o Odissey era MUITO melhor que o Atari. Os jogos eram mais inteligentes, ele tinha um teclado próprio, e alguns jogos vinham até com tabuleiros junto, pois o jogo acontecia na tela E no tabuleiro. Uma proposta meio maluca, mas que pode dar certo, visto o sucesso de Eye of Judgement no PS3 (sim, ESSE jogo me faria comprar um PS3, muito mais que um Metal Gear...). O grande problema do Odissey em relação ao Atari foi mesmo o apelo comercial. O Atari tinha uma base instalada de jogos gigantesca, mais tempo no mercado etc. No Brasil ainda tentou-se fazer algo mais incisivo, por exemplo traduzindo não só os manuais mas também os NOMES dos jogos. Assim, games como Didi na Mina Encantada e Senhor das Trevas eram títulos disponíveis para o console na época.
Mas voltando ao Crash....nesta época, o sucesso dos “games domésticos” era tanto que algumas empresas contrataram desenvolvedoras de jogos para criar games com suas marcas, que seriam usadas em estratégias de marketing. Um exemplo foi a empresa Chuck Wagon, que fazia comida para cachorro. Ela entrou em contato com a Spectravideo solicitando que desenvolvessem um jogo usando sua marca, e com isso surgiu no mercado o game Chase the Chuck Wagon. Outro exemplo é a Kool Aid, que contratou a Mattel para desenvolver Kool Aid Man para Atari 2600 e Intellivision. Ao lado está a horripilante propaganda do jogo...como toda propaganda de jogos era nesta época. Além desse tipo de mercado, ainda houveram empresas que nada tinham a ver com a indústria dos games e que criaram uma divisão de games, tentando se beneficiar da febre. Um exemplo é a Quaker Oats.

O Crash e seus motivos
Em 1983 várias das empresas da indústria de videogames foram à falência. As causas foram muitas: a economia nos EUA não estava em seus melhores dias, diminuindo o poder aquisitivo; as empresas que começaram a desenvolver jogos não se preocuparam tanto com a qualidade dos games (vide exemplos como ET the Extra Terrestrial, desenvolvido em pouco tempo e considerado um dos piores jogos da história); e o marketing agressivo dessas empresas, gastando milhares de dólares em anúncios de videogames que começaram a não vender tão bem.

Outro fator importante foi o fato da entrada dos computadores domésticos no mercado. Nessa época, micro computadores começaram a ser vendidos a preços baixos, tais como o Commodore 64 e o TRS-80 (ao lado), da Tandy, competindo com os videogames. O pensamento era natural: para que pagar mais em um videogame se, por menos, é possível comprar algo com maior capacidade de memória, em que posso jogar games melhores e ainda utilizar aplicativos? Alguns exemplos de empresas que saíram do mercado de games foram a Mattel, a Magnavox e a Coleco. Mesmo uma gigante como a Atari por pouco não foi à falência nessa época.

O renascimento

Em 1985 a indústria de games nos EUA foi praticamente não-existente. Nada além de jogos mal feitos foram lançados, ainda para o velho Atari. O ressurgimento da indústria se deu com a entrada da Nintendo no mercado americano. A jogada de marketing da Big N foi perfeita: primeiramente, não dar o nome de “videogame” ao seu console. O nome do produto nos EUA foi Nintendo Entertainment System, ou NES, como ficou mais conhecido. Mesmo no Japão ela adotou uma estratégia similar: seu nome era Famicom, advindo de Family Computer. Notem que ambos os nomes remetem a computadores.


Para completar a estratégia na terra do Tio Sam, foi lançado o R.O.B. (sigla para Robot Operating Buddy), que nada mais era que uma espécie de Robô que “jogava” videogame com o usuário. Apesar de ser uma porcaria (funcionava apenas com dois jogos), o sucesso foi instantâneo, novamente por dar a idéia de “avanço de tecnologia”, e não algo que ligasse diretamente ao termo “videogame”. A partir daí, a indústria se revitalizou, a Sega lançou seu Master System (note novamente o termo System) e todos hoje sabem onde foi parar tudo isso. Hoje a indústria de games move mais dinheiro que a indústria cinematográfica.

Por isso o título do post. Não sou fanboy de nenhuma empresa (er....tá, tá bom, exceto da Harmonix. Mas isso merece um post só para isso explicando os motivos) mas não há como negar que tudo poderia ter sido diferente caso a Nintendo não tivesse sucesso em sua empreitada.

See ya,
Jack

Um comentário:

  1. Fala Jack,

    Ótimo texto. Apesar de ser da época do Atari, não me lembro desta época pois peguei o final desta geração! Mas é sempre bom saber de fatos históricos desta nossa paixão (Games) e entender como as coisas se desenvolveram até chegarmos no que estamos hoje! E obrigado por citar o meu blog no início!

    Abraço.

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